segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Scent
Luz de luar, inebria, enlouquece.
Fogo de pedra, devora, esplandesce.
Chiclete de bola, provoca, aluscina.
Da fauna e da flora, desperta, domina.
Seu cheiro.
Tsunami de pó, sepulta, prevê.
Sem medo, sem dó, consome, você.
E eu...
E nós...
E é assim, sempre assim.
Minha pele reclama, meu olfato proclama,
Te quero, te busco, te cheiro.
Seu cheiro...
Meu cheiro...
Nosso cheiro.
Perfume de sífide, anuncia um futuro que só eu sei.
Seu corpo, sua mente, eu.
Coitado de quem um dia se disse independente.
Nessa hipocrisia solúvel, quem morre é a gente.
À água, de peixe, a amônia.
À terra, de onça, o diamante.
Ao fogo, de pedra, o magma.
Ao ar, de águia, o perfume.
À mim, de si, o cheiro.
Nosso cheiro...
Meu cheiro...
Seu cheiro.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Arte suave
Hoje faz um ano que eu luto jiu-jitsu e, sei lá, não era bem assim que eu esperava estar... mas eu sei que aprendi muita coisa nesse meio tempo, paciência, dedicação, respeito, 'disciplina', lealdade, o gosto da derrota e a não querer sentir ele de novo, a sensação da plena exposição ao entrar em um Ibirapuera lotado, o medo e principalmente a indignação com a minha pessoa por sentí-lo. Sei lá, acho que é isso, ou não, não sei, mas prometo que um dia eu descubro e conto pra vocês ;3
terça-feira, 11 de setembro de 2012
Diálogo: underneath side.
Mas...e se eu dizer que não me rendo? Que nunca vou me render? Eu quero e vou continuar. Por mais que doa, nunca vi ninguém morrer de dor de cotovelo, de dor de joelho,... Não me importo que nunca passe, eu me acostumo. Mas não vou sentar e esperar que desapareça. Pode ser grave; pode não ser. Não importa, não entende? Eu não posso parar...se paro, morro! E não é drama, é sentimento de dependência. Química, psíquica, física, tudo.
Sou eu, e você faz parte de mim. Não vou desistir de você, prometo... e mais, prometo que cumpro minha promessa! Faz sentido? Enfim, não importa o que aconteça, não sou sua, mas você é meu, e prometo que cuido dela por você. E se não der? Se não der...não importa (denovo)! A dor vem, a dor fica, a dor passa, e volta de novo. Ciclo vicioso, sabe como é, nem Ameba quebra...é a vidá! E vidá com acento no 'á'.
Chega. Cansei. Falei de mais. Muito mais do que devia. Ou não...tinha mais coisa pra falar. Mas, sei lá, cansei. Fui! Fui? É, fui!
~~Adios....
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Chain. Chance. Change.
Ela vem assim, mandriosa, inesperada, aterradora, transformista inevitável, metamorfose bem vinda.
Chega quando menos se quer, porém quando mais se espera, se acomode e verá, seu mundo de cabeça pra baixo. É ela, languida como só ela pode ser, parece nuvem, parece sombra, parece chuva, que no fim, no fim mesmo, esconde um arco-íris de esperança.
É ela que faz o mundo girar, se dependesse de nós, reles humanos, a Terra seria quadrada, estática, acomodada.
Primeiro vem a promessa, de que um dia, tudo mudará, depois vem a mudança, pouco a pouco mas ela chega, carregada pelos suspiros e sonhos sussurrados ao vento, e por fim, chega aquela, esplendorosa e impactante, a evolução, que faz surgir novos suspiros e sonhos de serem como ele, o ser evoluído, e assim, nesse ciclo vicioso, o mundo gira, sem parar, desesperado por uma mudança, como um selvagem preso nas correntes de seu próprio pensamento primitivo, preconceituoso, petrificado e enclausurado, o louco em sua forma mais pura, que procura uma chance, só uma, de quebrar suas correntes e fugir, desesperado, a procura de um novo mundo, mais claro, mais limpo, melhor.
Não digo que mudei, longe disso, mas eu quero, do fundo do meu ser, e quem sabe não é essa vontade que me libertará de meus preconceitos e medos, dessa minha gula pelo estável, dessa minha hipocrisia solúvel?
terça-feira, 17 de abril de 2012
Transcrição de "A Despedideira" de Mia Couto - Conto para Poema
Queres seu homem Sol?
Eu quero o meu nuvem.
Sem cor, sem voz
Só sombra, só nuvem.
Que me deixe ser livre, mulher
Mesmo que nem sempre sua.
Que tenha medo, marés
No ciclo das águas e dos ventos
E, quem sabe
De vez em quando seja mulher
Que me vista e saiba me vestir
Como se suas mãos fossem minha própria vaidade.
Há muito, me casei
Como rio que corre, forte e caudaloso
Ele se foi, assim como minha vida
Eu já era outra, habilitada a ser ninguém
Ainda assim, de meu carrasco
Bate saudades, desse alguém.
Me lembro sim, daquela época
Encanto que veio, de repente.
Eu era nova, dezanovinha
Tudo era de príncipe, um princípio.
Neste mesmo pátio
Me dirigiu palavra
No primeiro dia
Aí percebi,
Que falado, nunca havia.
Neste mesmo pátio
O que havia feito
Era comercia palavra
Em negoceio de sentimento
Desperdício, diria.
Falar é outra coisa
É essa ponte sagrada
Que quando ele falava
Me solvia na fala, insubstanciada.
Neste mesmo pátio
Lembro desse encontro
O ar por A parava
A brisa sem voar
Quase nidificada
Quando ele tomava a palavra.
Vez voz, olhos e olhares.
Ele, em minha frente
Todo chegado sem usual barragem
Como se sua única viagem
Tivesse sido minha vida,
Querida.
E ele, sempre distante
O último entre seus dedos,
Do cigarro não fumava
E em minha taquicardia
O tabaco se auto-consumia.
E ele gostava assim
A inteira cinza, intacta ao chão
Por ele tombei como igual
Desabei inteira sobre seu corpo
Depois, me desfiz, em poeira estrelada
O vento que me espalhava, nada mais que sua mão.
Nesse mesmo pátio
Em que estreava meu coração
Tudo acabaria, afinal
A paixão dele desbrilharia
A murchidão, do que antes, florescia.
Diz-se que a tarde cai
E que a noite, também cai
Ao contrário, é a manhã que se vai.
Por um cansaço de luz
Suicídio de sombra,
Espreguiçando, mandriosa, inventadora de sombras.
Aos goles de lembrança, na varanda
Sinto que minha alma é água,
Se me debruçar tanto,
Me entorno e morro, vazia. [i]
Assim ele virá, para renovar despedidas
Acreditei, sim, no amor
Em que dois, é se multiplicar em um
Mas hoje sinto,
Ser um ainda é muito.
Ambiciono, sim, ser múltiplo de nada.
Ninguém no plural.
Ninguéns.
Nada mais que o nada.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Woodstock
Depois de tudo que passei, de tudo que senti, não consigo mais te ver. Teu olhar, teu sorriso, me trazem a lembrança dos bons tempos. Pensamos que tudo ficaria bem, e me lembro, sim, da nossa woodstock fantasiosa de puro rock 'n' roll. Lhe peço que não me esqueça, e nem me peça 'por favor'. Quando tiver de voltar, volte, e faça parte da minha nova vida. Sem ti, sem woodstock, sem nada...