terça-feira, 12 de julho de 2011

A Garota do Hoje


Não sei.
Não digo que sou aquela lá. Nem que fui. Nem que serei.
Talvez eu seja a que fica no quarto, e supira toda vez que uma moto passa, quem sabe não é meu príncipe em uma Harley branca, como tanto sonhei?
Talvez eu seja a louca, problemática, a da batata frita com sorvete.
Não sei.
Não sei se posso pensar em dizer que sou livre.
Nem que estou presa.
A liberdade é relativa.
Pra mim é uma coisa.
Pra você, pode ser outra totalmente diferente.
Pra mim pode ser, sim, poder sair com um homem de Harley branca e ir para o Rock In Rio.
Quem sabe...
Pra você pode ser fazer seu sonhado mochilão pela europa.
Quem sabe....
E pra ela, como será?
Será poder dirigir, beber, sonhar, e não se preocupar?
Não, isso não se chama liberdade, não.
Não sei.
Talvez eu esteja errada, talvez estejamos todos errados.
Quem sabe?
Talvez eu seja louca, o Rock In Rio mudou, as Harley's mudaram, ele mudou.
Já ouvi gente confundir Rock com Metal, e isso fica cada vez menos raro.
Rock é a base do blues, a expressão da alma do artista, com uma guitarra mais animada e uma bateria suave, mas não tão suave assim, com David Coverdale ou Brian Johnson no vocal.
Eles esquecem que o pai do Rock não foi Angus Young, não foi.
Foi o titio Elvis, de topetão e boca de sino, com os colegas Beatles e sua St. Peppers Lonely Heart Club Band e até os carinhas do Roling Stones com a bocona do Mick Jagger.
Eles esquecem...
Esquecem que Steve Harris joga futebol e sobe no palco pra tocar The Number Of The Beast, e o amado Bruce Dickinson canta The Evil That Men Do e é piloto de avião.
Iron Maiden não é AC/DC, e eles esquecem.
Já vi gente olhar e se assustar quando descobre um gosto musical.
Eles esquecem que pra curtir Rock não precisa usar preto, nem roupa de couro, ou ter cabelo comprido.
Eles esquecem que um dos pais do Rock andava por aí de boca de sino branca, topetão e ele brilhava.
Eles esquecem...
Esquecem que o Rock era pra ser divertido, em épocas nem tão divertidas assim.
Não era pra ser "essa bateria está errada" ou "eu toco melhor que esse cara", não era.
Talvez eu sinta saudades de uma época que eu não vivi, quando o Rock era apenas um bebe, uma criança, livre, que animava a todos, fazia dançar, fazia acontecer.
Talvez o Rock tenha tido que crescer com as gerações posteriores, e virar um velho chato.
Quem sabe o Rock não era pra ser "forever young"?
E
Quem sabe eu não comecei a escrever esse texto com outro objetivo?
Quem sabe...
Devaneio vai, devaneio entra, e ele envelheceu.
O conceito de liberdade mudou.
Tudo muda.
Mas ninguém me proíbe de continuar sonhando com os tempos antigos, de quando o Rock In Rio tinha bandas de Rock, e quem sabe eu não poderia ir pra lá com o meu homem na Harley branca, e ver tudo que era mais antigo voltar....
Quem sabe...
Who knows?

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